Quando Deus nos criou, junto com a benção, Ele nos deu um propósito e uma funcionalidade importante para nossa vida.
Ele nos criou como homem e mulher, para serem “uma só carne”, “papai e mamãe”, e disse:
“Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra”. (Genesis 1:28)
“Sejam férteis… multipliquem-se… dominem…”
Através destas 3 ordenanças do Criador, recebemos a maravilhosa função de continuar a sua criação e cuidar dela.
Com o aparecimento do pecado, este propósito e esta funcionalidade foram mantidas, mas sofreram algumas modificações.
Após serem expulsos do Jardim do Éden, nossos primeiros pais receberam do Criador, como consequência de suas escolhas, estas punições:
Para nossa primeira mãe e as demais, Ele declarou: “Multiplicarei grandemente o seu sofrimento na gravidez; com sofrimento você dará à luz filhos. Seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará”.
E para nosso primeiro pai e os demais, declarou: “…com sofrimento você se alimentará… A terra lhe dará espinhos e ervas daninhas… e com o suor do seu rosto você comerá o seu pão…” (Gênesis 3:16-19)
É…, foi uma mudança e tanto…
Mas, de acordo com a vontade do Criador, depois de mais 6 mil anos, a missão está cumprida ou quase, enchemos a Terra. Chegamos a mais de 7 bilhões de pessoas no planeta. Temos vários problemas para nos alimentar e para dominar e usufruir da natureza, conforme foi predito. E, lutamos para controlar esta multiplicação, afinal a terra não está mais vazia.
Ao longo desta trajetória a função da fertilidade sofreu com seu algoz – a esterilidade.
E, este sofrimento recaiu, principalmente, sobre as mulheres, por que na Bíblia somente as mulheres são mencionadas como estéreis, nunca os homens.
Assim, enquanto a mulher fértil é uma benção, a estéril é uma maldição, pois se há sofrimento nas dores de parto e na sujeição aos homens, maior sofrimento há na esterilidade.
Uma mulher que não gerasse filhos era considerada um “ramo seco”, frequentemente era rejeitada, banida ou passada para um status inferior.
Uma grande família, com muitos filhos, era considerada uma grande alegria e uma benção. As gerações que nos precederam sempre consideraram que a procriação era a grande garantia da família e da sobrevivência do grupo.
“Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá.” (Salmos 127:3)
A fertilidade, também, era uma parte importante das alianças de Deus com seu povo:
“Vocês serão mais abençoados do que qualquer outro povo! Nenhum dos seus homens ou mulheres será estéril, nem mesmo os animais do seu rebanho.” (Deuteronômio 7:14)
“Em sua terra nenhuma grávida perderá o filho, nem haverá mulher estéril. Farei completar-se o tempo de duração da vida de vocês”. (Êxodo 23:26)
Em uma das leis da Babilônia, promulgada pelo Rei Hammurabi (1792 – 1750 a.C.) determinava que uma mulher estéril, por exemplo, se fosse casada, era obrigada a providenciar uma substituta para o marido poder multiplicar a espécie.
Por isso, assim como hoje, no passado havia uma incessante procura pela cura da infertilidade. Como este exemplo que está na Bíblia:
“Um dia, no tempo da colheita do trigo, Rúben foi ao campo. Ali achou umas mandrágoras e as levou para Léia, a sua mãe. Quando Raquel viu isso, disse a Léia: – Por favor, dê-me algumas das mandrágoras que o seu filho trouxe.” (Genesis 30:14)
Mandrágoras: É o nome de uma planta que possui virtudes fecundantes e afrodisíacas, uma raiz medicinal cujo fruto, idêntico a uma pequena maça, exala um odor forte e fétido.
Com o tempo isto mudou um pouco mas, o fato é que ser uma mulher estéril sempre foi um sinônimo de desgraça, inutilidade e a expunha para ser ridicularizada pela família e sociedade.
A Bíblia nos traz as histórias de 6 mulheres estéreis, para através delas, demonstrar o poder e a misericórdia de um Criador, que cria, que mantém e que é capaz de consertar o “inconsertável”.
- Sara (Gn 11.30; 16.2),
- Rebeca (Gn 25.21),
- Raquel (Gn 29.13),
- Mãe de Sansão (Jz 13.24),
- Ana (1 Sm 1.6),
- Isabel (Lc 1.7).
A primeira a encabeçar a lista é Sarai ou Sara, mulher e Abraão, a quem o Senhor, parece um “capricho”, deu uma grande promessa:
“Farei de ti uma grande nação, e te abençoarei…e em ti serão benditas todas as famílias da terra”. (Gn. 12:2,3).
“Levando-o [Abraão] para fora da tenda, disse-lhe: Olhe para o céu e conte as estrelas, se é que pode contá-las. E prosseguiu: Assim será a sua descendência”. (Gênesis 15:5)
Neste caso, Deus fez questão de mostrar sua soberania e poder, ao permitir que uma mulher não apenas estéril, mas com noventa anos de idade concebesse, para Sua glória. E, seu filho, chamou se Isaque que significa riso.
O segundo caso, foi Rebeca esposa de Isaque e, também, biologicamente incapaz de gerar filhos. Mas o Senhor ouve a oração de seus servos e, em pouco tempo, Rebeca engravidou. Ela se surpreendeu ao ver que a barriga crescia muito. Era um milagre de Deus em dobro! De Rebeca nasceram os gêmeos Esaú e Jacó. (Gênesis 25. 19-27)
Depois aparece Raquel esposa de Jacó, que lhe custou muitos anos de trabalho para o esperto Labão, porém ela era estéril.
Assim como Sara, ela viu o marido engravidando outras mulheres, porém nada acontecia com ela. Lia, irmã da própria Raquel e também esposa de Jacó, teve vários filhos. Raquel num momento desesperador gritou a Jacó: “- Jacó! Dá-me filhos senão eu morro!” Como nada acontecia, Raquel sugeriu a Jacó que se deitasse com sua serva, Bila, e tivesse filhos com ela.
Após de um tempo, no tempo certo, Deus abriu a madre de Raquel e ela concebeu, dando à luz a José. Algum tempo depois deu à luz a Benjamin, porém ela morreu após o parto. (Gênesis 29)
A mãe de Sansão é o quarto caso. A Bíblia não informa o nome dela, apenas diz que era a esposa de Manoá, e que era estéril.
Certo dia, ela estava sozinha quando o anjo do Senhor anunciou a ela que teria um filho, e lhe deu três regras para a consagração do menino, pois o fruto do seu ventre seria usado por Deus para libertar os israelitas da opressão dos povos dominadores emespecial os filisteus.
E, conforme as especificações do anjo, ele nasceu e se tornou o mais forte guerreiro da Bíblia e sozinho libertou os israelitas das mãos de seus inimigos, na força do Senhor. (Juízes 13)
Ana esposa de Elcana, o quinto caso, queria tanto um filho que prometeu ao Senhor que se ela engravidasse, dedicaria o fruto do seu ventre ao serviço do Senhor, por todos os dias da vida dele. Fez uma promessa em nome do próprio filho, assegurando-se de que ele seria consagrado ao “nazireado”, não cortando nem a barba ao longo de toda a sua vida.
Quando o sumo sacerdote Eli a viu, após uma pequena confusão, entendeu a amargura de Ana e lhe liberou uma palavra, desejando que o Senhor atendesse a sua oração. Assim, mesmo sem ter certeza de nada, nem alguma evidência palpável acerca do cumprimento desta palavra, ela adorou ao Senhor com o marido, e após regressarem para sua casa, Ana rapidamente engravidou, e desta gestação veio ao mundo o pequeno Samuel.
Alguém poderia dizer: – O que adianta ter um filho e dá-lo para trabalhar no templo?
Acontece que Deus viu a fidelidade de Ana, e para não deixá-la só, deu lhe mais três filhos e duas filhas. Assim uma mulher estéril, em pouco tempo, se torna a mãe de seis filhos. (1Sm 1 e 2)
O sexto e último caso na Bíblia, foi Isabel, esposa de Zacarias, que sofria por não ter filhos. Embora, eles fossem pessoas integras e obedientes aos mandamentos de Deus.
Além de estéril, Isabel era de idade avançada, como Sara. Mas para Deus, não há impossível. Zacarias e sua esposa estavam orando por este propósito e o Senhor os ouviu.
E a resposta de Deus a este pedido foi a primeira promessa do Senhor após os 400 anos de silêncio, entre o antigo e o novo testamento.
Então, um mensageiro do Senhor apareceu à eles e prometeu um filho que lhes traria muita alegria, porém o anjo lhes deu uma restrição: Não poderia jamais beber vinho, nem bebida fermentada e seria uma criança cheia do espírito santo.
O pequeno João nasceu e trouxe muita alegria, como o anjo havia dito. João foi aquele que preparou o caminho para o Salvador. (Lucas 1-7)
Embora, estes 6 casos sejam os mais importantes, é necessário citar mais 2 casos de mulheres estéreis:
O primeiro é caso de Mical, filha de Saul, e a primeira esposa de Davi. Ela criticou e desprezou Davi, chamando-o de “homem vulgar” por dançar e celebrar ao Senhor pelo resgate da Arca, e recebeu, como castigo, a esterilidade. Este é o único caso, relatado na Bíblia, de uma mulher que se tornou estéril após o seu nascimento e ocorreu por causa de uma punição.
“E até o dia de sua morte, Mical, filha de Saul, jamais teve filhos.” (2 Samuel 6)
O segundo caso é o da mulher sunamita, a Bíblia não cita seu nome, mas menciona que ela era rica e não tinha filhos.
Ela teve prazer em aplicar o seu dinheiro para sustentar o profeta Eliseu e chegou a construir instalações novas para ele. Ela não pediu mas o profeta percebeu sua necessidade e realizou o milagre.
“E ele disse: Por volta desta época, no ano que vem, você estará com um filho nos braços”. (2 Reis 4:16)
Algum tempo depois do nascimento, o menino estava no campo com seu pai, passou mal e morreu. E a mulher sunamita, pode receber o segundo milagre do Senhor em sua vida, quando o profeta ressuscitou seu filho.
“Eliseu… debruçou-se mais uma vez sobre ele. O menino espirrou sete vezes e abriu os olhos. Eliseu chamou Geazi e o mandou chamar a sunamita… E disse: Pegue seu filho.
Ela entrou, prostrou-se a seus pés, curvando-se até o chão. Então pegou o filho e saiu”.
(2 Reis 4:35-37)
A esterilidade, principalmente no passado, era vista como uma maldição. Não poder ter filho significava uma punição divina. Deus, através dessas mulheres, reverte esse juízo e faz coisas grandiosas.
Todas elas são testemunhas da justiça e da graça divina, pois através da oração e entrega, conseguiram reverter a situação.
Ele faz com que a mulher que não tem filhos seja respeitada no seu lar e a torna feliz, dando-lhe filhos. Aleluia!” (Salmos 113:9)
As mulheres estéreis na Bíblia são um sinal de um futuro com produtividade, um futuro com frutos, um futuro que será melhor após o sofrimento no presente.
As crianças que nasceram destas mulheres, foram algumas das pessoas mais importantes da história das Escrituras: Isaque, Jacó, José, Sansão, Samuel e João Batista. Muitos deles estão na genealogia de Jesus e foram modelos do Messias que viriam viver entre nós.
Com elas podemos aprender, pelo menos 3 coisas:
1) Deus é justo e sua misericórdia dura para sempre.
2) Deus traz à existência as coisas que não existem. As coisas que não vemos. As coisas impossíveis.
3) Tudo o que pedirmos a Deus, sendo em Seu nome, de acordo com Sua vontade e com fé, nos será dado.
“Pois para Deus nada é impossível.” (Lucas 1:37)
Nem todas as mulheres estéreis ao longo da história foram curadas por Deus. Mas, em Deus há propósito e consolo para cada um de nós.
“Pois está escrito: Regozije-se, ó estéril, você que nunca teve um filho; grite de alegria, você que nunca esteve em trabalho de parto; porque mais são os filhos da mulher abandonada do que os daquela que tem marido.” (Gálatas – 4:27)
– Jonas de Souza Netto
Fontes: Bíblia, Wikipédia, Internet