Uma coisa é a corrida, outra coisa é a linha de chegada.
Natalia Itabayana narra sua emoção na Meia Maratona de Luberon na França, “quando avistei a torre onde estava a linha de chegada, mal acreditei… ali estava o marco de um desafio pessoal. Não são os 21km os mais difíceis, mas os 100 metros finais. É a hora que a gente vê a linha de chegada tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe. Porque ainda falta um pouquinho mais de esforço pra chegar ali… E a sensação de vencer um limite pessoal, atravessando a linha de chegada, é inexplicável. Indescritível. E imensamente realizadora”.
A paulista Michele Pimentel, de 26 anos, após cruzar a linha de chegada na Maratona de Chicago, declarou “foi um calor de vitória, um calor de conquista, um calor que brota de dentro e resplandece toda vez que um sonho se concretiza”, conta emocionada, “foram 10 meses de disciplina e foco”.
A jornada cristã, também, é uma proposta de uma corrida, conforme o Apóstolo Paulo escreveu “… corramos com perseverança a corrida que nos é proposta.” (Hebreus 12:1).
Diferente de uma corrida normal, nesta jornada “… os velozes nem sempre vencem a corrida…” (Eclesiastes 9:11). Paulo dá as dicas: “esqueçam do passado e olhe para o que está adiante… corram para vencer… o atleta precisa ser disciplinado sob todos os aspectos.” (Filipenses 3:8-14, I Coríntios 9:24-25)
A jornada cristã é uma jornada de fé, onde o experiente Paulo diz: “… não corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem esmurra o ar. Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo…” (I Coríntios 9:26-27), “… fuja de todas as coisas más… Peleje a boa peleja da fé…” (I Timóteo 6:11-12).
A corredora e escritora Nicole Scott declarou certa vez, “correr me ensinou a aceitar a jornada. É na jornada que me sinto viva – mesmo quando estou sofrendo.”
Uma coisa é a corrida, outra coisa é a linha de chegada.
Uma corrida só se torna atraente por causa do prêmio e o prêmio está na “Linha de chegada”. E Paulo confirma isto dizendo: “… prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio celestial… um prêmio eterno.” (Filipenses 3:8-14).
E a pergunta é: Onde fica a “Linha de chegada” da jornada Cristã?
Parece simples, mas existem algumas armadilhas e talvez você se confunda ou tente criar suas próprias “Linhas de chegadas”.
Deus propôs uma corrida para Abrão:
“Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei. Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção… e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados”. (Gênesis 12:1-3)
Para se lançar em uma corrida você precisa sair de onde você está. E esta jornada era um desafio para Abrão, ele tinha 75 anos. Mas nunca é tarde para o que o Senhor nos chama.
Abrão desenvolver uma fé para ver o que estava sendo proposto, romper com seus relacionamentos e deixar sua cultura. Ele saiu sem saber para onde iria. E esta jornada o tornaria uma porta para conectar as coisas do Céu com a Terra.
A proposta da corrida de Abrão envolvia a promessa de se tornar pai de uma grande nação, apesar de sua idade avançada e da infertilidade de sua esposa.
A jornada Cristã é uma corrida de fé que é desenvolvida pelo amor, e “o amor afasta o medo”. (1 João 4:18)
No entanto, entendimentos equivocados o levou a criar suas próprias “Linhas de chegada” e gerou obstáculos para a conquista do prêmio.
A promessa do Senhor era: “Um filho gerado por você mesmo será o seu herdeiro… Olhe para o céu e conte as estrelas, se é que pode contá-las… Assim será a sua descendência”. (Gênesis 15:4,5)
Mas, Sarai, mulher de Abrão, não gerava filhos e resolveu ofertar sua serva egípcia, chamada Hagar, a Abrão: “Já que o Senhor me impediu de ter filhos, possua a minha serva; talvez eu possa formar família por meio dela”. Abrão atendeu à proposta de Sarai. (Gênesis 16:1-2)
“Hagar teve um filho de Abrão, e este lhe deu o nome de Ismael. Abrão estava com oitenta e seis anos de idade… (Gênesis 16:15,16)
Abrão amou Ismael por que viu nele uma “Linha de chegada”, embora errada…
Passaram 13 anos de silêncio de Deus, Abrão tinha, agora, 99 anos. Então, o Senhor lhe apareceu para retificar a verdadeira “Linha de chegada” e disse: “Eu sou o Deus Todo-poderoso; ande segundo a minha vontade e seja íntegro. Estabelecerei a minha aliança entre mim e você e multiplicarei muitíssimo a sua descendência”. (Gênesis 17:1,2)
“Na verdade Sara, sua mulher, lhe dará um filho, e você lhe chamará Isaque. Com ele estabelecerei a minha aliança, que será aliança eterna para os seus futuros descendentes”. (Gênesis 17:19)
Abraão teve que mandar embora alguém que ele amava: Ismael.
Isaque nasceu e Sara declarou: “Deus me fez sorrir”. (Gênesis 21:6)
Abraão viu em Isaque a “Linha de chegada”. Mas, ainda não era esta…
Passado algum tempo, Deus pôs Abraão à prova, dizendo-lhe: “Abraão! ” Ele respondeu: “Eis-me aqui… Tome seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e vá para a região de Moriá. Sacrifique-o ali como holocausto num dos montes que lhe indicarei”. (Gênesis 22:1,2)
A jornada Cristã é uma corrida de fé que se aperfeiçoa na provação.
Abraão precisava entregar o que ele mais amava, para ser desenvolvido o próximo passo de sua fé. Quando estava preparado para o sacrifício de seu filho, o anjo do Senhor apareceu e lhe disse: “Agora sei que você teme a Deus…” (Gênesis 22:9-12)
Poderíamos terminar por aqui, por que este ponto parece perfeito para uma “Linha de chegada”. Mas, a jornada de Abraão foi até os cento e setenta e cinco anos. Ele morreu em boa velhice, em idade bem avançada, e foi reunido aos seus antepassados. (Gênesis 25:7,8)
Uma coisa é a corrida, outra coisa é a linha de chegada.
O “blog WebRun” destacou: “A linha de chegada vai muito além da medida do tempo registrado entre o tiro de largada e o final da última passada. Suor, esforço, sacrifício, dor, renúncias, dedicação, comprometimento, amor e paixão são alguns de seus sinônimos.”
A jornada Cristã nos levará à verdadeira “Linha de chegada”, “… a terra que lhe mostrarei…”
“Pela fé peregrinou na terra prometida como se estivesse em terra estranha; viveu em tendas, bem como Isaque e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa. Pois ele esperava a cidade que tem alicerces, cujo arquiteto e edificador é Deus.” (Hebreus 11:9,10)
E o prêmio?
Paulo resume isto na sua própria jornada: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda.” (2 Timóteo 4:7,8)
Nem todos completarão a corrida, mas existe uma coroa para todos que, pela jornada da fé, chegarem a “Linha de chegada”.
– Jonas de Souza Netto*
(*) “Este texto foi inspirado no sermão de um discípulo muito especial, meu amigo Fábio Roiz – expansaodafe.com.br”