Por muito tempo, eu olhava para estas duas palavras achando que elas eram parecidas: “Frutificar e multiplicar”. Recentemente, desejei analisa-las mais profundamente nas Escrituras e descobri que elas fazem parte de uma benção, proferida pelo Senhor, onde encontramos o próprio sentido da nossa existência.
Na criação Deus nos criou à sua imagem, homem e mulher, e os abençoou: “Frutificai e multiplicai-vos…” (Gênesis 1:27 e 28)
Após o dilúvio, Deus orientou Noé e sua família: “… frutificai e multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra…” (Gênesis 9:7)
Esta benção tem acompanhado as Suas alianças de geração em geração, começando com Abraão e, depois, Isaque transmitiu isto para seu filho Jacó: “E Deus Todo-poderoso te abençoe, e te faça frutificar, e te multiplique, para que sejas uma multidão de povos…” (Gênesis 28:3)
E para os discípulos o próprio Jesus disse: “Vocês não me escolheram; eu os escolhi. Eu os chamei para irem e produzirem frutos duradouros, para que o Pai lhes dê tudo que pedirem em meu nome.” (João 15:16)
Sim, existe uma grande diferença entre frutificar e multiplicar.
No hebraico podemos entender isto melhor:
– Frutificar “Parah”, significa gerar, produzir, gerar de dentro para fora. O processo de frutificação é uma ação de gerar dentro de você.
– Multiplicar “Rabah”, é ser ou se tornar grande, muitos, demasiado, incrementar. O processo de multiplicação é uma ação de gerar a partir do que está dentro de você.
Por isso podemos dizer que primeiro frutificamos e depois multiplicamos. Num crescimento ordenado.
A parte mais importante é frutificar e não podemos fazer isto sozinhos. Jesus se declarou como sendo a videira e disse que nós somos os ramos: “… Quem permanece em mim, e eu nele, produz muito fruto. Pois, sem mim, vocês não podem fazer coisa alguma.” (João 15:5)
O processo do frutificar, se desenvolve dentro de nós, através de 3 elementos:
– Contato: Jesus disse: “… vocês também não poderão produzir frutos a menos que permaneçam em mim.” (João 15:4). Independência não produz fruto, gera esterilidade.
– Constância: Frutificação é um processo realizado pelo Espírito Santo em nós e envolve tempo – “permanecer”. Paulo ensinou: “Uma vez que vivemos pelo Espírito, sigamos a direção do Espírito em todas as áreas de nossa vida.” (Gálatas 5:25)
– Sacrifício: Jesus nos ensina que a frutificação é um processo de sacrifício, através da lição do ramo conectado à videira: “… e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda.” (João 15:1-2. E do grão de trigo que se: “… não for plantado na terra e não morrer, ficará só. Sua morte, porém, produzirá muitos novos grãos.” (João 12:24)
Frutificar é morrer para a sua vida, seus planos, projetos pessoais, para viver o plano de Deus. O frutificar, através da morte, é o caminho por onde começa a multiplicação.
A nossa vida está ligada a Cristo. É dele que sai todo o suprimento para nos manter vivos e frutíferos. Fomos feitos para frutificar.
“… sabemos quanto Deus nos ama, uma vez que ele nos deu o Espírito Santo para nos encher o coração com seu amor.” (Romanos 5:5)
Quando somos infrutíferos na vida espiritual, corremos o risco de sermos cortados, como ilustra a parábola da figueira estéril (Lucas 13:6-9).
O terreno para que a frutificação aconteça é o nosso coração. O solo como a boa terra, quando recebeu a semente: “deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta.” (Mateus 13:8)
Frutificar é algo que você é, é uma atitude interior. A frutificação te leva a Deus e a sua dependência, por que para frutificar você precisa da operação do Espírito de Deus na sua vida. Exige renúncia, morte e fé para ser levado ao sobrenatural.
Por outro lado, multiplicar é algo que você faz, usando a razão e estratégias. Multiplicar é sobre ações, é uma consequência. Uma árvore, primeiro frutifica, depois ela se multiplica, através de seus frutos e sementes.
Em Gênesis 48:4, Deus fez uma promessa a Abrão: “Eis que te farei frutificar e multiplicar, e tornar-te-ei uma multidão de povos e darei esta terra à tua descendência depois de ti, em possessão perpétua”.
Abrão quis multiplicar de qualquer forma, por isso usou a Hagar. É o caso da multiplicação sem frutificação. Mas para que a multiplicação acontecesse, ele precisou primeiro frutificar, ou seja, crer naquilo que Deus lhe daria, e consequentemente a multiplicação aconteceria.
Para multiplicar, basta uma estratégia humana, mas para frutificar é preciso permanecer nEle. Não adiantava nada a agonia de alma de Abrão e Sarai, foi preciso que eles frutificassem para que então, e só então, a multiplicação acontecesse.
Quando Abraão teve Isaque ele multiplicou, mas Deus exigiu a multiplicação dele no altar, para que depois viesse mais frutificação (Gêneses 22.1-16). Uma atitude sem a outra não funciona. A multiplicação sem ser precedida de uma frutificação pode ser estancada a qualquer momento.
Por isso que quando só multiplicamos geramos carnalidade, mas quando frutificamos vem um respaldo e a benção do Senhor, e aí a multiplicação se torna sem limites no sobrenatural.
Antes de sermos agentes multiplicadores, precisamos da construção de um caráter multiplicador. A limpeza de Deus.
Quando frutificamos, glorificamos a Deus. “Nisso é glorificado meu pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos” (João 15:8).
Frutificar é crescimento e salvação. “A fim de viverdes de modo digno no Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus.” (Colossenses 1:10)
– Jonas de Souza Netto*
(*) Inspirado no Sermão do meu amigo e Pr. Kleiton Marcos